Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

COLEÇÃO PARTICULAR (8)

FORÇA DESNECESSÁRIA

Terei voltado à superfície
Se não vejo mais o limite
Que o céu impõe ao mar?

Por trás das retinas adernadas
Tudo é imensa neblina
Sobre o plano oceânico.

Só ouço a percussão remota
Das ondas que se chocam
Contra as muradas do crânio.

No nauseante balançar
De águas tão soturnas
Já deve estar dissolvida
Qualquer suposta coerência
Dos meus atos.

Ah, a amnésia se aprofunda,
Uma âncora descomedida,
Para puxar ao sem-fundo
A frágil e banal corrente
Dos fatos da minha vida...

Julio González,  Cabeça Reclinada, ferro, 1930

5 comentários:

Lucas Holanda disse...

na luta do rochedo contra o mar
o único que se estoura
é o siri.

Quintal de Om disse...

turbulento é o meu olhar
um norte em meio e um (em)vão
destino que me embaça a retina
desfalencendo esse sentido ímpar de colorir no olho
essa força demedida
essa porta desmentida de ir além
desse entrecortado passo
por entre os espaços e estilhaços que me estraçalham as têmporas
e dos temporais invernos e infernais gravuras
que fincam a cor da minha íris,
uma força morta que não quer ser enxergada, nem (re)vista... nem por um tris.

Meu abraço,
Sam.

Anônimo disse...

ode de uma (desa)vinda

abraço
LauraAlberto

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
Fiquei muito feliz em conhecer o seu blog.
Gosto muito de ler textos e poemas, isso faz com que eu cresça cada dia mais.
A vida se torna interessante, à medida que encontramos pessoas como você.
Grande abraço
Se cuida

Anônimo disse...

Marcantonio, poeta e artista singular, teus poemas são tão originais que às penso estar lendo uma coletânea de vários poetas. Acaso você é quantos?