Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Um poema para retomar o Azul Temporário


Após dois anos de silêncio, reinicio o Azul Temporário com um poema sobre o silêncio e o tempo. Procurarei mantê-lo ativo com três postagens semanais, mas nada sistemático, apenas um exercício livre e espontâneo, como sempre foi. Sigamos daqui.


O ÚNICO SOM

Além dos limites internos da casa
tudo são pálpebras se fechando.
O silêncio é o saber que as coisas
agora não excedem o ser coisa
e assim permaneceriam não fosse
o mediúnico relógio de parede
incorporar o som dos cascos do tempo,
aquele cavalo sem cor trotando
nas metálicas margens

de um caudaloso rio de imagens.


Cézanne, O relógio negro, o/s/t - 1869.