Após dois anos de silêncio, reinicio o Azul Temporário com um poema sobre o silêncio e o tempo. Procurarei mantê-lo ativo com três postagens semanais, mas nada sistemático, apenas um exercício livre e espontâneo, como sempre foi. Sigamos daqui.
O ÚNICO SOM
Além dos limites
internos da casa
tudo são pálpebras se fechando.
O silêncio é o saber que as coisas
agora não excedem o ser coisa
e assim permaneceriam não fosse
o mediúnico relógio de parede
incorporar o som dos cascos do tempo,
aquele cavalo sem cor trotando
tudo são pálpebras se fechando.
O silêncio é o saber que as coisas
agora não excedem o ser coisa
e assim permaneceriam não fosse
o mediúnico relógio de parede
incorporar o som dos cascos do tempo,
aquele cavalo sem cor trotando
nas metálicas margens
de um caudaloso rio
de imagens.
Cézanne, O relógio negro, o/s/t - 1869. |