SOBRE ESTRELAS
a)
Eu vos direi:
Não ouço estrelas,
A história fez
com que se calassem,
Ou o fez a ciência,
Ou a nossa impaciência.
Não ouço estrelas:
Elas se perderam,
Traço estatístico,
No censo
Dos temas poéticos.
b)
Ela pode não estar mais lá
E ainda cintilar aqui
Onde posso não mais estar.
c)
A estrela que há pouco eu olhava
Num átimo foi ocultada
Por nuvem transitória,
Tal como um indivíduo desaparece
Sob a história.
Lógico: nuvem passada,
Estrela reavistada,
Brilha desde antes da história
Pessoal de quem a olha.
d)
Estrela só,
Brilho na pupila
De um ciclope cego,
Que não vê meu ego.
Marcantonio |
4 comentários:
Onde você arranjou tanto talento? Parabéns, hoje, amanhã e depois do apocalipse.
"Estrelas... só.
Quem sabe se naquela imensidão
elas sofrem o mal dissolvente,
passivo
mas dissolvente ainda: solidão."
disse Hilda Hilst num poema.
Vivo espiando o céu. E as estrelas.
E adorei teu poema!
Abraço, Marco!
"Brilha desde antes da história
Pessoal de quem a olha....". Sempre o máximo te ler, Marquinho.
Beijos,
Li cantando. Tão bonito! Flui...
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