Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

FACETAS (22)



Tão neutra e calcária
A tua face post-mortem.
Não sei por que acreditaríamos
Que emulas imagem estatuária
Se há perda notável de volume,
Reduzindo-se a baixo-relevo
Modesto e honesto,
Sem prestidigitar
A representação ilusória.

Eu é que sobreponho ao teu rosto
A antiga tridimensionalidade
Pela troca vertiginosa
De sucessivas máscaras mortuárias
Ainda úmidas,
Como se recém-moldadas
No gesso da memória.


Marcantonio

2 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

O poeta e o artista unidos fazem luzir os versos: muito bom!

Beijos,

Anônimo disse...

Formidável! E milhões de máscaras se elevam vívidas dos túmulos, e eu aqui, buscando uma para reviver.