Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sábado, 18 de janeiro de 2014

POEMAS EVISCERADOS (12)



RADIAÇÕES

Legistas doutos, às vezes,
Também deliramos,
Como quando buscamos
O oculto prisma que decompõe
A ausência de luz
Das furnas inóspitas do luto:

Como germinam essas cores feéricas,
Florilégios cromáticos,
Espectros irisados que recobrem
A tediosa monocromia da carne
E os tons rebaixados das vísceras exangues?

Serão como auroras boreais
Nas fronteiras entre o post-mortem
E os nossos olhos clínicos?


2 comentários:

Tania regina Contreiras disse...


Eta olhar embriagado e embriagante! Que maravilha deve ser poder olhar assim, atravessando a carne e adivinhando fronteiras!!! Tá sumido, Marquinho, tua poesia faz falta.
Beijos,

Celso Mendes disse...

São nas fronteiras que descobrimos os segredos mais inóspitos da alma. Gosto muito dessa linha que tem trabalhado, e o faz com maestria. Abraço!