OBJETOS
SUJEITOS AO AFETO
1-
Os óculos
ao lado
da caixa de
fósforos,
casual
epigrama:
ver sempre
depende
de algum tipo de chama.
2-
Livro de
poesia
e garrafa
de vinho:
arranjo dionisíaco,
ethos
etílico.
3-
Folhas
brancas
para desenho
sob o bloco
de notas:
onde larguei
a chave
da porta?
4-
Café e açucar
aguardam
o encontro
amoroso.
Xícara
emborcada,
a alcoviteira.
4-
Um livro
fechado: Platão.
Por
enquanto, apenas
um sólido
geométrico
no mundo
das aparências.
Ou potência
que aguarda
um ato.
6
O relógio
digital de mesa,
objeto
mutante:
a cada
segundo
novo
semblante.
7-
Laranjas,
bananas,
mangas:
o sabor inocente
ainda
ainda
detento
sob as cascas.
8-
O cinzeiro:
túmulo.
Nenhuma
fênix
borralheira.
9-
As roupas
no varal –
olhar é
despir
previsões.
10-
Sapatos
empoeirados
e hirtos,
exaustos de
andar
em
círculos.
11-
Caixas
velhas,
velhas caixas:
o que fazer
com isso?
Jogar o seu
oco
(nicho)
no lixo.
12-
Falta fotografia,
no porta-retratos:
esclerótica
retangular
sem a íris.E
a menina dos olhos.
a menina dos olhos.
7 comentários:
na há magia que transforme o trivial objeto em poesia. somente o olhar e o fazer poético.
Maravilha, Marcantonio.
Obrigado, Rubens!
Sempre genial, Marquinho! Esse olhar que esmiúça poeticamente. e arrebata!
...e o olhar sorrateiro mas atento da menina dos olhos, sem testemunhas, numa caixa registradora diuturna...!
Opa, olha aí o Marco Antônio. Cara, como tão massa todas elas! Tudo com um olhar bom da gente acompanhar. Ah, isto para mim é uma fuga do trivial! Tô no encalço novamente!
as palavras estão todas lá, e eu estou sem palavras...
as palavras estão todas lá, eu estou sem palavras! show!
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