Eis o dia
Sorrindo aurora,
Os dentes tão perfeitos
Que desconfio postiços.
Às doze horas
Sorri discreto,
Na arcada duas falhas:
Faltam-lhe os caninos.
À tardinha
Nem sorri,
Mas canta um hino
E entrevejo, nos agudos,
Um vazio escuro
Na boca,
E os músculos flácidos
Da face amarela
O denunciam:
Um dia banguela.
À noite, some.
Correu com pressa
Ao protético:
Amanhã exibirá
Orgulhoso
O restauro estético.
Marcantonio |
3 comentários:
Marquinho, você é de uma criativoidade invejável! Um dia banguela - como eu haveria de imaginá-lo? :-)
Muito bom.
Beijos
Postiços, por fim. Essas suas facetas são mesmo surpreendentes.
Abraço, poeta.
Onde andas, que sumiste?
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