“Z”, DE ZODÌACO
Suspensos no ar
Há moldes invisíveis de mãos,
Feitos em não sei qual matéria permanente.
Vez ou outra,
Enganchamos os cabelos
Na constrição de alguma garra;
Ou algum indicador fixo
Reproduz, sem intenção,
O arco de nossas sobrancelhas;
Ou um polegar se aplica às nossas faces
Como se as quisesse virar para o
outro lado.
Mãos abertas, ocas e alongadas
Podem fazer par acidental
Com uma de nossas mãos
Para batermos palmas sem som.
Talvez ao recuarmos recebamos
Tapinhas nas escápulas,
Ou nos ponhamos a espantar moscas inexistentes.
Ou cortemos o ar com a quintessência
De lâmina numa espada fictícia.
Tantas destras e sinistras,
Flutuantes móbiles,
Devem ser enigmas de gestos não
concluídos,
E apenas poderemos interpretá-los
Se calçarmos como luvas de gesso
Essas mãos alienadas.
![]() |
Anselm Kiefer, Merkaba, 2011 |
5 comentários:
Nossa, um devaneio fantástico esse! E ponto para minhas reflexões sobre as mãos...rs...que é essa uma viagem de agora. "Devem ser enigmas de gestos não concluídos"...Fantástico isso. Inspirou-me. Ah, saudades de te ler. Diversifico, busco ler poetas de vários estilos, mas me encontro muito em alguns. Aqui me encontro.
Beijos,
Massa. E já aguardo a próxima série. Abraços!
Genial!
Os moldes invisíveis das mãos...
Que bela ideia.
beijosssss :)
poxa, que sds de boa poesia...vir aqui é alento.
têm vida própria
essas mãos e tantas vezes
se expulsam do braço e fogem
delas mesmas pela casa atônitas
...
forte abraço, irmão.
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