Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

domingo, 12 de janeiro de 2014

POEMAS EVISCERADOS (11)



FUNÇÃO

Como se transmitia ânimo
Àquele mecanismo pesado?
Não mais importavam
Para o sujeito
Especulações, causa e efeito:
A noite já se fechara,
As chaves jogadas para fora
Do encéfalo frio,
Esse além onde o resto
Seguia inconcluso circo:

A morte era uma jaula aberta,
A vida, um leão rugindo no pátio
De ladrilhos
Enquanto o domador dormia
Com a acrobata na cama elástica.


3 comentários:

Tânia regina Contreiras disse...


Nossa, você some, mas sempre reaparece gigante, heim? Um poema daqueles que nos tiram da zona de conforto e nos atira ao longe: perfeito!

Beijos, Marquinho

ramonlvdiaz disse...

estou acompanhando seu blog faz duas semanas, espero que nao se incomode e gostaria de saber se posso publicar este texto no meu blog em referencia ao seu... um abraço

ramonvareladiaz@hotmail.com

die himmelsmechanik der vorletzte blau por ramonvldiaz

em síntese de não caber e distâncias que não tem metro
ou sofrimento escalar por não encontrar nomes próprios,
que não tem delírio ou princípio e que respeita a semana
acima de tudo – sem contraponto já anterior em marco
zero, indra e antônio; em transplanta que salva agrestes
fixos e alguns potenciais de crucificção em trifase e um
terceiro tipo de morte que nem é feito de margem: tão
somente penúltimo: daquele que raramente falamos.
e parte a vazio sem intenção nem mirante, quasi-álamo
a inverter absoluto em nitrometano para o não restar
até não reação almirar em stase, diagrama- lugar onde
tranquilamente faltam os sentidos e esgotar o talmude
ao vento, silabicamente nas árvores entre as folhas teu
gatilho que asyn-qualquer coisa: este poderoso engenho
por dentro da blusa trapilha e o coração feito só torque
e o toque sem necessidade do peito, tática os tatos.
teu abstrato tórax que anda e ainda em corpo intacto
e sabe organismos, frações de tanta coisa que se firma
e um botão retrocede que não funciona – 72ª ironia –
pára quando não se espera; flora
espera mesmo sem este; deflora [mesmo sem esmos]
em xeque usa o azul em dissabor que também é âmbito
lar de imemorial feitiço, uma ausência que já foi carinho,
o anti-exercício de rapidamente gostar e ter anuências,
incensos, vetores crianças antes da completa interrupção.

exausto, poderosamente não de poderes, não cessa,
resístor o agora em que me encaixo,
segue o rumo, sem vias e caminhos: a pedra só mente.

Tania regina Contreiras disse...


Relendo aqui...

A morte era uma jaula aberta,
A vida, um leão rugindo no pátio
De ladrilhos
Enquanto o domador dormia
Com a acrobata na cama elástica.

Muito foda isso!!!! Demais.