“S”, DE SANIDADE
Tal como Hölderlin-Scardanelli
Ou Vincent em Saint-Rémy,
Tenho apenas uma janela,
Depois que enlouqueci:
Meus olhos são filtros outonais
Que igualam as estações:
Resta-me apenas afiar os ouvidos,
Quem sabe não ouço ruídos
Originais.
Entretanto, à meia-distância
Vejo o que parecem anjos
De tranças
Empoleirados no muro.
Eles dizem:
Somos suas idéias, e pousamos
Em tempos distintos,
E não voamos em bando rumo
Ao futuro.
Quando o dia já escurece
Remanesce na relva do jardim
Um estreito trecho iluminado,
Retangular, plana cama de luz
Liberto por compensatório
Bônus de tempo,
Para desfazer a ortogonalidade
Terapêutica da loucura
Em 360 graus de firmamento.
![]() |
Gerhard Richter, Sem Título, óleo sobre fotografia, 1994 |
Um comentário:
lindo!
sei que é o tipo de comentário que pouco diz, mas espero que ele lhe chegue pleno de informações e traduza exatamente o que eu senti: beleza de letra, beleza de poema!
«Entretanto, à meia-distância
Vejo o que parecem anjos
De tranças
Empoleirados no muro.
Eles dizem:
Somos suas idéias, e pousamos
Em tempos distintos,
E não voamos em bando rumo
Ao futuro.»
imagem para guardar!
beijo.
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