“T”, DE TÊMPERA
As cariátides que sustentam
A arquitrave noturna -
Anteparo do sol - me apavoram:
Não são as lisas colunas por onde
correm
Filetes da luz morna do sono,
São instáveis, postadas viúvas
Do serralho de Cronos.
Elas têm caras negativas
De estrelas escuras,
Olhos vedados com betume
Que mesmo vazados
Não cuspiriam lume.
Seus dentes são de basalto:
Frontispício de gargalhadas
sinistras.
Os cabelos, um leque farto de
verrumas
Espetadas para o alto.
Elas sabem que o sol nunca é
deposto,
E avançam para o portal da minha
insônia,
Desertando de seus postos:
E a laje do firmamento fica a
flutuar a custo...
Pavor! Não posso dormir sabendo
Que a estabilidade do universo
Depende agora do socorro dos meus
músculos.
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Anselm Kiefer, Jericho |
3 comentários:
Fantástico, Marquinho. Esse final...Nossa, seu estilo é inconfundível e marcante. Fã sempre.
Beijos,
Quem sabe, um dia, quando os palácios desmoronarem, e dos seus escombros brotarem plantas...!?
Beijo, Marcantonio, "sumido"!?
haja construção para um belo poema.
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