Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

domingo, 18 de março de 2012

COLEÇÃO PARTICULAR (20)

POEMA DESPRENDIDO

Caí de uma asa de mito,
Livre e esquecido,
Rêmige grisalha
Em espiral descendente:
Acima é mesmo verídico
O céu;
Mas embaixo
O solo é apenas figurado,
Página, papel.


Ives Tanguy,  Extinction des Lumières Inutiles,
óleo, 1923.

5 comentários:

Mariana disse...

Boa noite, Marco.

Mais um belo exercício metalinguístico:

Mas embaixo
O solo é apenas figurado,
Página, papel.

Quero dizer que seu blog figura entre os poucos que continuo frequentando, em época de palavras magras. Estou precisando de bom terreno e adubo para engordá-las.

Abraço!

Eliana Mora [El] disse...

sim, 'céu figurado' é uma coisa.
Belíssimo poema, Marcantonio.


Beijo, Eliana

Dario B. disse...

Pode ser também um Egeu, pronto a receber Ícaro, Marco. Abração.

Andrea de Godoy Neto disse...

Marco, esse poema vem tão ao encontro do que se move mais e mais em mim ultimamente...

o chão é ilusão... mas, como nós também somos, ainda podemos nos espatifar contra ele, não?

eu adorei esse poema, demais...

beijo

Cris de Souza disse...

Poema desprendido que prendeu meu olhar no ar...

Hipnotizante!