Seus cabelos iludem os colibris.
Seus cílios fazem cócegas
No dorso dos peixes de um secreto lago.
Seus olhos têm a cor das castanhas
Flagradas na grama por focos de luar.
Um arroio espumante de luz se inicia
Na fenda entre seus lábios.
Sob seu queixo não há inverno.
Nascem flores em suas axilas.
Nos seus seios se ordenha
Sumo de pétalas róseas maceradas.
Seus dedos se enlaçam aos do vento
Para tocar a sineta dos frutos maduros.
Em suas unhas polidas submersas
As algas se miram
Enquanto na corrente se penteiam.
Seus pés plantam sons de folhas caindo.
Morde-se uma fruta inédita
Em seus tornozelos.
Por trás de seus joelhos
Um nicho para paisagens virgens.
Nenhum nevoeiro se expande
À altura das suas coxas.
Entre suas virilhas, entre suas virilhas
Clareira orvalhada.
Brancusi, La Muse, mármore, 1912. |
8 comentários:
Maravilha marcantonio, muito bom "Seus cabelos iludem os colibris".Esta coleção é mais que esboços poéticos,e sim a poesia viva.
abraços GAGAU
Musas e ninfas gostam de perseguir poetas.
Uau, do jeitinho que coloca parece que é... Que leitura prazeirosa, envolvente da cabeça aos pés!
Beijo, azulado*
as ninfas atiçam poesia com uma sensualidade intocada
poema envolvente. E com um traço de delicadeza que me é novidade :)
beijo, Marco!
Tão lindas! Tão perfeitas!
Pena que sejam apenas uma miragem
a perseguir os poetas!
um beijo
Que lindo, Marquinho! "Um arroio espumante de luz se inicia
Na fenda entre seus lábios"...Poema-miragem, maravilhosamente belo!
Beijos,
A palavras acariciando a beleza...
Beijos,
Anna Amorim
Muito bonito, uma lisonja.
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