O pêndulo serve,
O pêndulo serve
Para marcar o tempo,
E para marcar o andar
Da música
Mesmo em silêncio.
Mas ainda serve o pêndulo,
Serve o pêndulo
Para encarnar o ímpeto
Do vento
Sobre o fruto no galho,
Sobre a palha nas mãos
Do espantalho,
Sobre o bambuzal,
Sobre a palmeira adolescente.
Presta-se o pêndulo,
Presta-se o pêndulo
Para lembrar
(linha curva no ar)
A criança que voava
Num balanço.
E ainda presta-se o pêndulo,
Presta-se o pêndulo
Para exemplificar,
Mais ou menos,
Meu pensamento
Lá e cá.
Victor Vasarely, Étude de Mouvement, técnica mista s/ tela, 1939. |
7 comentários:
lembrei do teu vídeo com o pêndulo, também cairia bem junto ao poema
beijos
Superbe!, Marcantonio.
O texto e a imagem - a imagem e o texto!
E os meus ouvidos estão até agora
escutando o tiquetaquear de teu
poema, realmente, incrível!!!
um beijo
TEMPO, TEMPO!! COMO DIRIA ALCEU: VC QUER PARAR O TEMPO, MAS O TEMPO NÃO PARA
Ah o tempo, Marcantônio, esse muso terrível...
Beijo,
Ana Ribeiro
O pêndulo é um eco eterno de si mesmo. Horrível, essa, eu sei. Abraços.
Também lembrei de o pêndulo e o prumo...
uma vez uma pessoa me disse que a vida é como um pêndulo, não esqueci mais disso e, bem verdade, também não posso dizer que comprovei
quando sou calma, meus pensamentos são como pêndulo... mas, geralmente são nuvens de elétrons
e, como sempre, tua poesia inteligente me traz inquietação. Ainda bem.
beijo, Marco.
Esse é um daqueles. Daqui a cem anos seremos lembrados pela nossa obra, e o povão dirá: ele era um grande poeta, um grande poeta, um gran...
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