Sempre olho
O espaço vazio entre os objetos
Como se esperasse dele alguma desestabilização,
Tremor que derruísse as colunas
De algum templo mental,
Enxurrada que removesse os pilares
De uma ponte imaginária.
A garrafa térmica,
O açucareiro,
A xícara,
O pires e a colher
São resistentes,
E em nenhum momento a toalha branca
Torna-se positiva nuvem
Erguida sobre eles:
Aqui estão absolutamente eles mesmos
Sem mim,
Pedras na Necrópole de Gizé,
Satisfeitos de nada aguardar,
Estoica posição.
E que tolice dizer
Que a xícara espera o açúcar e o café!
Eles não têm fé em mim
Como se fosse eu o seu deus.
Robert Rauschenberg, Card Bird VI, colagem, 1971. |
3 comentários:
Muito original! A sacada no final foi ótima!
Beijo.
cada vez mais filosófico esse poeta =]
Filosófico mesmo, Marco, uma reflexão em forma de poema.
Abraço amigo.
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