Eu escrevo cartas de amor à vida.
São como capítulos saltados
De um romance epistolar
Onde faço a figura de um sedutor
E assino: “Eternamente teu”.
Mas não estou seguro,
Ela jamais me respondeu.
Uso um artifício de imaginação:
Aplaco o orgulho ferido
De não ver correspondido
Este amor incondicional,
Supondo o extravio das respostas,
Enquanto lhe remeto, sentimental,
Novos testemunhos de paixão,
Ocultando nas entrelinhas
O medo do rompimento unilateral.
Tina Modoti, Julio Antonio Mella's Typewriter, 1928 |
13 comentários:
Ela sempre responde; mas é tão clara a sua resposta que os olhos se tornam cegos e não a percebem.
bj
Se responde eu não sei, mas que é possível inventar algumas respostas, acho que é :) beijo menino
Postei um comentário ainda há pouco
e não saiu, mas vou repetí-lo:
Essa foi a carta mais linda que já
lí nessa minha curta longa vida sem
respostas!
E pretendo, com a tua permissão,
republicá-la em meu blog. Posso?
um beijo
Que belo romance! ;)
Ô Cirandeira, pode sim, claro. E fico feliz com essa sua impressão, que bom. Obrigado.
Beijo.
As letras nos fazem mais vulneráveis, mas eternizam (engraçado que não há vulnerabilidade no eterno).
Isto, com ou sem resposta.
Lindo, lindo, viu?
Beijo.
Expressões de amor são sempre tocantes... A falta de respostas é que fazem doer a alma!
Seu poema é rico e belíssimo!
Um abraço carinhoso
é o que devem fazer os apaixonados pela vida. até que a morte os separe.
abraço!
Suspiro!
Beijinho, poeta artista!
Marco, mas há amores que são assim, prescindem de correspondência
embora a vida seja de se dar inteira...
belíssimo este caso de amor.
beijo
Ela responde, sim, mas não chega pelo correio.
Beijo beijo.
o teu texto confirma a minha impressão, a mimha desilusão: esta vida é mesmo uma ingrata
abraço
Laura Alberto
enquanto houver vida, ainda que de um figa, tá valendo o silêncio.
Postar um comentário