Há uma luz metafísica
Que frauda a pele da fruta
Sobre a mesa:
Já não é um cadáver
Afastado de sua árvore?
Mas esta urgência
De apetite necrófago
Vê a fruta exuberante, muito viva.
Serei um tipo de verme
Precipitado
Que a devora de imediato
Acima da terra?
Recuso o que ela oculta,
O caroço,
E o cuspo ao solo:
É osso-nave
Que nenhum verme roerá,
Pois ele escapará, aéreo.
Misericordiosa, a fome
Poupa da fruta apenas
Aquele cuspido dejeto,
Justo o que dela não é funéreo
E, projeto, viverá.
Irving Penn, Natureza-morta com Melancia, 1947. |
10 comentários:
Eis o renovo, o grão
que se insurge e faz
da morta-natureza, a viva,
a que se salva, essa que jaz
e se con/trai,
em nova e bela vida,
rediviva aqui,
na Língua.
Para teus poemas não se poupa elogio e todo elogio ainda será pouco.
Se tem um poeta que me espanta é você, tá sabendo, né. Tua poesia é fértil e tem gosto de quero mais.
Beijo, meu mago!
Rapaz... Li, reli e continuo relendo. Só posso te dizer que eu queria ter escrito isso. É fantástico.
Dario, eu gostaria de ter escrito TUDO que ele escreve...rs É assim: "Isso!..por que não pensei antes?". Mas, ok, os poetas me traduzem e eu agradeço! rs
Beijos,
MARAVILHA POETA,LINDO,SIMPLESMENTE LINDO EXUBERANTE..
Muito bom esse poema, muito boa essa metáfora, muito bom tudo que você posta aqui, Marco.
Abração, ótimo ano novo e sempre tua poesia.
muito bom Marco, mais até que bom! um ótimo 2012 para ti recheado de arte e poesia e felicidade! beijos
comer ou não comer, deixas ficar a questão, camuflada
Abraço
Laura
Poeta, vc detonou nessa aí!
É a intelegência vegetal se aproveitando da fome animal para se perpetuar. Beleza te texto, meu caro.
E que suas sementes germinem poesia em 2012! Muita luz, muita paz e, acima de tudo, felicidade.
Grande abraço!
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