Não tenho memória de haver chorado,
Uma vez que fosse,
Com o rosto coberto de sol.
Chora-se sempre à tardinha
Ou à noite, pois
Memória de choro demanda quebranto
De penumbra:
A vela da dor apagou-se,
Foi o sopro nebuloso do tempo;
As lágrimas se tornaram opacas,
Alguns filetes de cera dura sobre a face,
Aquele antigo e frio castiçal de mármore.
Man Ray, Tears, 1926 |
4 comentários:
Um presente, neste "convencionado" último dia do ano. Chorar é noturno, acho eu. Apaga-se uma luz para que as lágrimas vertam
Beijos, Marquinho.
Taí algo que nunca tinha percebido. Boa, mestre!
Teus poemas crescem a cada dia, Marco.
Porque além da poesia em si, há um conteúdo cada vez mais denso que, como raramente acontece, não afeta o lado poético do texto, mas o reforça o que a poesia sozinha às vezes não consegue sustentar. Acho incrível esse passeio pelo real em detalhes, e o lado formal que você consegue sempre expressar tão bem.
Também te desejo um 2012 que traga tudo de melhor para sua vida e a daqueles que você ama. E que a poesia continue sempre tua companheira de todas as horas.
Beijo.
Marcantonio, falar de lágrima para
mim é algo meio difícil, principalmente nesse final de calendário quando nem mesmo o sol
consegue impedir que ela jorre a
cântaros. De toda forma, tenho a expectativa de que um dia ocorra a
sua petrificação para que eu possa apenas observá-la como se observa um cristal!
Desejo-te felicidades e um 2012
cada vez mais pleno de poesia!!!
um beijo
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