Quem o concebeu assim paralelo,
não pensava em transcendência
e nem tinha grande imaginação:
No fundo, quis fazer do teto,
laje, suporte para outro chão:
assim na arquitetura como na religião.
2 – natureza-morta
As laranjas gravitam
ao redor da idéia de
doçura.
As maçãs caem
pejadas de símbolos.
Cézanne, Pommes et Oranges, ost, 1895/1900 |
(*) São chamados de Interiores as pinturas de costumes que retratavam o interior
das casas. Vida Silenciosa (Still Life) é uma outra forma de denominar o tradicional
gênero de pintura mais conhecido como natureza-morta.
14 comentários:
Do teto, laje, é um bom começo para acabar com o telhado que não nos protege. Adorei :)
beijos
marco,
as imagens que você retratou são de grande impacto,
tanto na poesia de interior quando na figura de naturezas em repouso...
particularmente eu não sabia que "natureza morta" também recebe a denominação de "vida silenciosa"... muito mais belo se referir assim ao quadro que retrata a natureza em estado de repouso. eu sempre tive problema em dizer "natureza morta"... e a outra expressão é completamente o oposto da ideia de morte, tem vida na frase e propõem que tudo está imóvel apenas por estar em silêncio, não por estar morto! fantástico.
um beijo.
PS: amo cézanne
As naturezas mortas de Cézanne merecem muitos poemas, são elas mesmas imagens-poemas.
Marco, vc tem um xará dublador?
Beijo pra você.
Sempre achei as naturezas mortas, algumas, tão cheias de vida, mas, sim, vidas silenciosas, agora eu sei....e faz muito sentido.
Beijos, Marquinho!
Caras que pintam e conhecem os grandes que pintam deviam ser proibidos de escrever, Marcantonio. Covardia com os analfabetos visuais!
As tintas do segundo poema você as preparou com os neurônios-pigmentos pós-impressionistas de Cézanne. Aí fico eu aqui, neófito nas leis gravitacionais de ambos, a tomar vocábulos-frutos por malabares, para acabar fazendo um strike na mesa tão bem posta em frutas e versos.
Abraço
Nova série, novas belezas.
o meu interior
é uma casa mofada
mas que guarda maçãs
perfumadas e belas
como quem nao se importa
em fazer do chão
a unica direção pro seu olhar.
minha poeira, é de estrelas
que voa quando sopra o vento e vai
vai vai
lustrar as manhàs
diante da cesta
onde permanecem inertes
as minhas maçãs.
Que belo, querido.
Meu carinho.
Samara Bassi.
Olá, Mancantonio,
Obra e poema se encaixam perfeitamente; realmente as naturezas mortas de Cézanne são grandiosas pela espontaneidade das cores, trazidas dos artistas flamencos. Dizia que o artista é um mero gravador de percepções sensoriais e que poderia revolucionar a pintura apenas com uma maçã...
Vida Silenciosa... Sim; bonito, muito!
Beleza de postagem.
Beijos
Tais Luso
"quis fazer do teto,
laje, suporte para outro chão:
assim na arquitetura como na religião."
BRAVO!
Um abraço,
Doce de Lira
e o que guardam os interiores com as suas linhas paralelas cansativas?
o sonho?
o medo?
o silêncio?
arquitecte-se o dia de amanhã, mesmo nesses frios interiores!
Beijo
Laura
Continuo achando que voce é um ET. Voce bem que podia escrever um poema, unzinho só, ruim.
Pensando bem, voce não é de outro mundo, simplesmemte voce não existe.
Um abraço.
i-na-cre-di-tá-vel!
(confesso que depois que te leio tenho a impressão que desentendo de de poesia)
Poesia e pintura são combinação perfeita. Interior e vida silenciosa devem ser a chave que não consigo destrancar para aproximar-me de tal combinação. Fico eu aqui "boba" diante do que você expõe.
Esta tua nova série me remeteu a um poema de Ferreira Gullar:
Ocorrência
Aí o homem sério entrou e disse: bom dia
Aí o outro homem sério respondeu: bom dia
Aí a mulher séria respondeu: bom dia
Aí a menininha no chão respondeu: bom dia
Aí todos riram de uma vez
Menos as duas cadeiras, a mesa, o jarro, as flores, as paredes, o relógio, a lâmpada, o retrato, os livros, o mata-borrão, os sapatos, as gravatas, as camisas, os lenços
abraço
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