12 – interior com desmedida
Nestas paredes
cabe a saga de Dom Quixote;
cabem nestas paredes
um capitão Acab e seu cachalote.
Nestas paredes cabe
o código de Hamurabi,
A Batalha de Anghiari
e o som de todos os stradivari.
Cabem todas as cantatas de Bach
e A Liberdade Guiando o Povo, de Delacroix.
Nestas paredes
cabem a Fontana di Trevi
e as 36 vistas do monte Fuji, de Hokusai;
cabe o próprio Fuji e sua neve;
cabem o Empire State Building,
o Tom Jones de Henry Fielding
e o Karamazovi de Dostoieviski.
Cabe a Acrópole de Atenas e a Santa Sofia,
e com folga caberia o deserto de Gobi
e todos os campos de trigo de Van Gogh.
Cabem, enfim, todos os retalhos do Google Earth,
e os grafites dos muros de todas as cidades.
Nestas paredes, coisa pouca,
só não cabe a felicidade.
Watteau, Sob a Insígnia de Gersaint, Ost, 1720 |
Lluis Barba, La Muestra de Gersaint, Watteau, 2009 Imagem retirada de: http://www.lluisbarba.blogspot.com/ |
3 comentários:
Volto porque não tens muros: tens murais.
Há sempre o passepartout de uma janela e o olhar nunca fica emparedado.
Quando vi ali o número onze desta sequencia, lamentei mais uma vez ficar muito sem visitar o Azul Temporário. Em aqui voltando, entrando nesta galeria, recebi um panfleto com as poesias e a indicação de das pinturas: Interiores e vida silenciosa, o nome da exposição. Espetacular, desde os Cezannes até esta "releitura" de Gersaint (que acabei de conhecer por aqui). Quanto a esta tática plástica, bem ao estilo de nossa época, via algo semelhante com a obra de Velásquez, AS meninas, onde as meninas foram excluídas. Ficou muito interessante!
Silencio-me, então.
trago a verborragia por dentro, estanco os sons.
Ouço-te no baile das horas.
V
enho desejar que a união e confraternização familiar, seja o mais bonito nessa Pascoa.
Meu carinho,
Samara Bassi
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