Confesso por nós:
Eu tinha a ousadia
De sonhar.
Os sonhos se investiam
Pelas artérias dilatadas,
E mantinham irrigadas
As vísceras da realidade.
Era ainda agora... Mas
Que resíduos adiposos
Me esclerosaram,
Em estanque índivíduo,
Tão precocemente?
Algo estacionou os sonhos
Em coágulos de memória,
Como uma corda com nós
Muito espaçados.
Antoni Tàpies, Alaya, Técnica mista, 1998 |
4 comentários:
Magnífico, Marcantonio!
Como sempre, aliás...
Abraço cheio de admiração!
Nem sempre tenho o impulso de comentar quando leio poemas que me tocam, me inquietam, me relembram, me remexem...Às vezes quero mesmo é ler e silenciar. Mas, poxa, é preciso deixar pegadas por onde passamos quando a paisagem, o solo, qualquer coisa nos tocou. Invariavelmente, sempre venho no Azul. Silenciosa ou falante. Agora só repito como eco os primeiros versos:
Confesso por nós:
Eu tinha a ousadia
De sonhar.
Os sonhos se investiam
Pelas artérias dilatadas,
E mantinham irrigadas
As vísceras da realidade.
Nossa, quanto me diz, quanto me faz pensar, sentir, querer, temer, duvidar....tudo assim, junto! rs Eu amei!
Beijos,
Esse me pegou de jeito,moço!
E eu sonhava tanto que minhas artérias poderiam explodir...
Em algum ponto da vida os sonhos se amarraram como vc descreveu aí,num nó cego,tão bem feito,que não consigo mais desamarrá-los...Perfeito!
Muito bom vir aqui!
Obrigada!
Bjca
trombar com a sua voz é um prazer! seja lá o que vai dizer...
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