Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

COLEÇÃO PARTICULAR (4)

AO REDOR DO SOL

Terminado o outono,
Ainda gravavam a terra
Os meus passos átonos.

Ao findar o inverno,
Ainda gerava nascentes
Meu degelo interno.

Encerrada a primavera,
Ainda não estava isento,
Sob a hera, de florescer.

Mas ao fim do verão, terá
Minha pele uma dívida
Lívida, insolvível com o sol
Ou terei saldo para solver?



Hellen Frankenthaler, Persian Garden, litografia, 1966.

3 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

"Já é verão?", perguntei a minha amiga Fênix 9que assim a chamo), enquanto ela respondia por e-mail que dentro estava "um inverninho bom". Isso depois de, em consenso, compreendermos que o tal do "ano novo" ainda não raiara dentro de muitos, e que o ano novo se dá ao tempo de cada um, assim comoas estações, posto que nem sempre as internas estão em conexão com as externas. Agurademos o final do verão, e depois vc me fala...ou melhor, vc me "versa"...me conta.

beijos,

Cris de Souza disse...

ao redor do sol
a extensão do arrebol
da palavra

...


sei que és poeta que reverbera em qualquer estação!

Lucas Holanda disse...

no gelo, na lama, no mato,
na pedra, no campo, no pátio,
na pele ou no negro asfalto
inverno ou verão
ela brota no chão
primavera ou outono
é poesia em flor.