Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

terça-feira, 19 de abril de 2011

INTERIORES E VIDA SILENCIOSA (IX)

10 – interior do interior

Visto de dentro
o dentro ainda
é outro exterior
tal qual a boca
lida pela língua
que não articula
enquanto tateia
a tradução
dos dentes.

Antevisto de fora
o dentro é sempre
suposto cheio
de exterioridades,
boca com recheio
de palavras
forasteiras
em estadia
entre os dentes.
Seria abrigo, fórum
do que estava fora,
tal a alma no corpo
e no relógio a hora.

Vermeer de Delft, O Ateliê, 1667

3 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Maravilha, Marcantonio!
Você nunca deixa de encantar-me com os seus escritos...
Abraço.

Batom e poesias disse...

É verdade, Marcantonio.
Supomos o "dentro", cheio de algo: mistério, abrigo, perigo...

Seus versos sempre provocam reflexão.
bj
Rossana

Domingos Barroso disse...

Poema revelador
em que tudo corpóreo
é tão denso e tão etéreo.

forte abraço,
irmão.