Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

quarta-feira, 20 de abril de 2011

INTERIORES E VIDA SILENCIOSA (X)

11 – miscelânea

O pássaro arborícola,
de sua gaiola
olha para as flores gêmeas
que, vulgares,
olham para a jarra de louça
que, nobre,
olha para a pêra doce
que, aflita,
olha para a tesoura aberta
que, faminta,
olha para o livro solene
que, autista,
olha para o zênite.

Joan Miró, Nord-Sud, óleo s/ tela, 1917

9 comentários:

Batom e poesias disse...

Cada qual com seu olhar.
Cada um com seus medos.

Poema muito interessante.

bj
Rossana

Márcia Luz disse...

Lembrou-me a "Quadrilha" de Drummond.

ítalo puccini disse...

e ao leitor cabe olhar - e ler - este belíssimo poema, meu caro.

parabéns!

abraços

Quintal de Om disse...

Olho,
e frutifico-me aqui.

Meu carinho, amigo
Samara Bassi

Anônimo disse...

Talvez Miró tivesse essa intenção, a de pintar olhares perdidos.

betina moraes disse...

marco!!!!!

eu fico tonta contigo!

que moto-contínuo fantástico!!!!!

(eu não sei como você se arruma diante do pouco tempo para ter tanto o que criar e nos oferecer. minha admiração por você é definitiva!)


um beijo.

cirandeira disse...

E o zênite reflete o livro
que olha para seu autor
que atordoado olha pra tesoura
que afiada corta a língua
da leitora que boquiaberta
admira a criatividade do poeta!!!

um beijo

nydia bonetti disse...

E os olhos do poeta contemplam - e fazem da miscelânea poesia - pura. beijo, Marco!

Cris de Souza disse...

fidedigno!

o poema é reflexo faustoso da imagem ou vice-versa.