O pássaro arborícola,
de sua gaiola
olha para as flores gêmeas
que, vulgares,
olham para a jarra de louça
que, nobre,
olha para a pêra doce
que, aflita,
olha para a tesoura aberta
que, faminta,
olha para o livro solene
que, autista,
olha para o zênite.
Joan Miró, Nord-Sud, óleo s/ tela, 1917 |
9 comentários:
Cada qual com seu olhar.
Cada um com seus medos.
Poema muito interessante.
bj
Rossana
Lembrou-me a "Quadrilha" de Drummond.
e ao leitor cabe olhar - e ler - este belíssimo poema, meu caro.
parabéns!
abraços
Olho,
e frutifico-me aqui.
Meu carinho, amigo
Samara Bassi
Talvez Miró tivesse essa intenção, a de pintar olhares perdidos.
marco!!!!!
eu fico tonta contigo!
que moto-contínuo fantástico!!!!!
(eu não sei como você se arruma diante do pouco tempo para ter tanto o que criar e nos oferecer. minha admiração por você é definitiva!)
um beijo.
E o zênite reflete o livro
que olha para seu autor
que atordoado olha pra tesoura
que afiada corta a língua
da leitora que boquiaberta
admira a criatividade do poeta!!!
um beijo
E os olhos do poeta contemplam - e fazem da miscelânea poesia - pura. beijo, Marco!
fidedigno!
o poema é reflexo faustoso da imagem ou vice-versa.
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