Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

terça-feira, 5 de abril de 2011

QUINZE PAISAGENS COM SOL, QUINZE COM LUA (28)

Noite de outono,
céu estorvado
de cinza ocreado.

Em algum ponto,
a lua se oculta
fria
em simetria
com a palavra
vaga
que desencontro.

Choveu pouco,
do dilúvio
antevisto,
o necessário
para lustrar
o silêncio fosco.

10 comentários:

Luiza Maciel Nogueira disse...

"o silêncio fosco"

:) (não queri estragar esse silêncio)

beijos!

Thiago Quintella de Mattos disse...

SAudades daqui, novamente!! O dilúvio previsto foi uma sequencia borrifadinhas!! Demais!!!

Unknown disse...

Desde as palavras até a imagem das reticências se espalhando como círculos na água ao gotejar das palavras. Delicadeza de artesão ao escrever.

Tania regina Contreiras disse...

A lua fria em simetria com a palavra vaga....Gosteeeei!!
Beijos,

Anônimo disse...

Seu poema bem (i)lustrou o céu.

Beijo.

Quintal de Om disse...

a minha chuva
fez azul escuro
o meu céu de ontem
e hoje,
deixei os lenços
das tristezas pendurados
e secando nos varais naquele mesmo quintal onde a lua se anuncia
noites dessas, quando os dias são assim...por todos os lados
e (in)cômodos.

Meu carinho, moço.

Zélia Guardiano disse...

Lindo, lindo, lindo, Marcantonio!
Sempre um deleite vir aqui...
Abraço, amigo!

Teophanio Lambroso disse...

"Noite de outono,"

"Em algum ponto,
a lua se oculta"

"Choveu pouco,"

Embora estes versos pouco digam assim, isoladamente, há que se reconhecer que são filhos legítimos da boa poesia.


Agora...

"céu estorvado
de cinza ocreado."

"em simetria
com a palavra
vaga
que desencontro."

"do dilúvio
antevisto,
o necessário
para lustrar
o silêncio fosco."

... são o fim da picada. Versos desconhecidos, absoluta e irremediavelmente desconhecidos!

Das duas uma: ou bula ou lixeira neles!

Abraços

PS - Acabei de postar uma bula para o meu post "Poemas com bula, já!". Teve leitores (uns três ou quatro) que entenderam que o meu objetivo era sentar a ripa em você, no Assis, no Cabrita e em todos os demais poetas que escrevem "versos desconhecidos".

PPS - Este Azul não consta no seu perfil. Espero que seja temporário.

Anônimo disse...

Você é um poeta intrigante. Produz muito e sempre poemas de boa qualidade. É a água que você toma? Ou o sol daí é diferente?

Bípede Falante disse...

Quando chove pouco no dilúvio, minhas nuvens ficam a ver aquários, mas, quando chovem dilúvios nas suas palavras, fico a ver poemas.
Adorei, Marcandoido :)
beijos