Não é a escuridão que aguardo
Porque dela nunca houve anúncio divino.
Ou me engano? Alguma voz misteriosa
Ameaçou oficialmente cortar a luz do teu dia?
Algum telefonema? Alguma cobrança
Enviada pelo correio celeste?
- Paga a tua dívida ou será cortado
O fornecimento de vida...
Não, a escuridão eu mesmo deduzo.
O que espero é um dilúvio de luz
Num dia que será como o Aurora no Castelo Norhan
Pintado por Turner.
Tu me dizes: isso poderá ser também
Uma forma de cegueira.
Creio que não.
Serão visíveis as silhuetas
De tudo que na luz difusa de agora me é familiar.
Por isso, são essas coisas ímpares
Que recolho à arca.
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| László Moholy-Nagy (1895-1946), Mãos e Pincel, 1926. |
5 comentários:
Muito bom, Marquinho! E, assim, luz e a escuridão vão me acompanhando de perto nesta semana.
Beijos,
Isso me lembra o anseio e a esperança da humanidade por um lugar de luz plena - e com ela, toda a nitidez e perfeição das quais somos sedentos.
Alguns não acreditam. Outros não pensam sobre isso. E alguns acreditam. Eu acredito que Deus plantou no coração do homem a semente da eternidade.
E acredito ainda que até os que não acreditam gostariam de acreditar (a semente teimando em germinar).
(Eu nem sei se eu tenho essa toda essa "liberdade de achar" diante do seu poema... desculpa.)
Um abraço afetuoso,
Mima.
e essa arca resgata tantos, Marco...
que venha o dilúvio de luz! que venha...
beijo pra ti
Turner expressa tudo o que vc quer dizer...intenso
Onde a luz?
Onde a escuridão?
Estão sempre juntas ou alternadas,
mescladas ou misturadas, à revelia
de qualquer entidade divina ou pagã! Desde os primórdios do Universo!
Será que entendí ou desentendí o
que o poeta quis dizer? Ficarei sempre na dúvida, porque ele jamais
dar uma resposta âs nossas perquuirições :)
um beijo
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