Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

TEMPO DE EXPOSIÇÃO (12)

DESPRENDIMENTO

De algum voo inexato
Caiu uma pena a minha frente
Qual um souvenir.

Não era uma perda
Para o pássaro,
Hóspede do momento instintivo
Que não tem lembranças de viagens.

Eu é que tenho as memórias
De pássaro tolhido, e por isso
Amo todos os signos desprendidos
Da liberdade.

Harold Edgerton (1903-1990), Pigeon in Flight, 1965.




















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9 comentários:

Joelma B. disse...

além da memória,tens voz emplumada também...

adorei!

beijinho com admiração!

Andrea de Godoy Neto disse...

quem é pássaro sempre quer abrir suas asas e voar... acho que é por isso que a gente escreve.

esse poema é especialmente lindo, Marco!
beijo

Mima disse...

Nesse azul temporário, nós - homens-pássaros - celebramos as penas que se soltam (ou soltamos) e nos permitem livres - um pouco mais.

E eu estendo as mãos e, como souvenir, recolho seu poema - maravilhada.

Ana Ribeiro disse...

É linda esta tua pena que cai... flutua, flutua e vem parar aqui. Essa é a mágica da poesia. A sua é catártica.

Daniel Andrade disse...

ei cara! me empresta esse baú de poesia que vc carrega na cabeça =]

Ph disse...

Lindo poema. Particularmente, gosto muito também das imagens postadas, geralmente acrescentam e muito ao texto.
Abraços

Menina no Sotão disse...

Memórias??? Será mesmo que os pássaros não as tem? Não sei. Gosto de pensar que somos nós a memórias deles quando fechamos os olhos e imaginamos as asas deles como sendo nossas. Delirei, eu sei...

bacio

Tania regina Contreiras disse...

Especialmente belo o final do poema! De onde você tira tantas pérolas, Marquinho? Eu queria entrar na tua cabeça por um segundinho que fosse! rs Ou seria na alma? Enfim...
Beijos,

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

Por isso que, poetas, alimentamo-nos da perda que o pássaro sequer procura, porque simplesmente 'É' nela.

Abraço