Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sábado, 17 de setembro de 2011

TEMPO DE EXPOSIÇÃO (16)

COM FIANÇA

Quantos seres humanos
Neste momento
Admiram o céu azul?
Eu sou apenas mais um.

Ocorre que me faço
Decorador de exteriores
Com meu próprio interior:
Oponho ao céu
Uma moldura de janela
E pinto à volta dela
Com obscura cor,
Até onde alcance
A minha visão periférica.

Janela e parede
É este poema
Que resenha a cor azul.

E que prepotência,
Do enorme poema
Suspenso lá fora,
Recortar curta estrofe
Para afiançar
A minha abrangência!


Harry Callahan (1912-1999), Eleanor, 1948.





















Mais de Callahan AQUI

4 comentários:

Domingos Barroso disse...

O olhar além do espaço
que une extremos
ao círculo
invisível
...


forte abraço,
camarada.

Ph disse...

Somos mais uns, a dar contornos aos ceus.
Abraço!

Jaci Rocha disse...

cada um que olha o céu, o faz de um jeito...ÚNICO! Pinturas de nossas vivências...
...e o poema lá fora, quem sabe até se molda p`ra alcançar um pouco mais por dentro da nossa janela?

;)

dade amorim disse...

Lá fora, o enorme poema pesa e se exibe sem freios a todos os olhares.
Beijo, Marco.