São seis passos curtos para cruzar
A rua,
Não sei por que me ocorre contar.
São onze horas longas para terminar
O dia,
Não sei por que me ocorre contar.
Sete horas já transcorreram sem
Anestesia,
Não sei por que me ocorre contar.
São trinta cabeças na fila de espera
Do banco,
Não sei por que me ocorre contar.
E um saldo insignificante no meu
Bolso,
Não sei por que me ocorre contar.
E já se passaram quarenta minutos
Do almoço,
Não sei por que me ocorre contar.
São sete pássaros negros rodopiando
No céu,
Não sei por que me ocorre contar.
São três consoantes de pé na palavra
Futuro,
Não sei por que me ocorre contar.
E um ditongo crescente na alongada
Urgência,
Não sei por que me ocorre contar.
E não sei quantos anos ainda terei
De existência,
Não sei por que me ocorre contar.
Alexander Rodchenko, Stairway, 1930. |
7 comentários:
Bárbaro, Marquinho...mas me lembrei, inevitavelmente, do meu TOC: eu conto TUDOOOOO!!! rs Ixe, nunca contei isso em público, não sei por que me ocorre contar...rs
Beijos,
Tic-tac, tic-tac, tic-tac = TÉDIO:
segundos, minutos, horas, dias, anos, séculos e uma vida tão diminuta para vivermos!
um beijo
Alma lavada aqui!
Rapaz... Não é que conto tudo por aqui também?
Abraço!
são trinta versos
o poema,
não sei por que me ocorre contar
abraço
são trinta minutos
e quase trinta anos pra se respirar
não sei porque me ocorre contar.
São batidas invertidas no peito que me fazem perder a conta,
e ainda assim, não sei pq insisto em contar.
São quarenta passos até a beira do rio
e nao sei pq me ocorre a contar.
Meu carinho :)
esse poema tocou um rebu na minha mente! de toc em toc, perdi as contas das entrelinhas...
obrigada por isso!
beijo, né.
FANTÀSTICO! Esse é um classudo, daqueles de levar para a exposição. Seremos superfamosos um dia, quando já formos superpassado.
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