Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

quarta-feira, 1 de junho de 2011

INTERIORES E VIDA SILENCIOSA (XLV)

47 – interior com Fausto dissuadido


Se eu disser que tudo que sei
é que nada sei,
estarei preso à ansiedade infinda,
interna voragem das margens caídas,
as têmporas opressas
por asas internas desmedidas.
Resolvi então conceder
que já sei o bastante,
viro as costas para a estante
e abro a porta para a vida me reler.

Em se tratando de procura,
tomarei a imagem da terra e da agricultura:
já foi hora de plantar,
eis o momento a colher!

Cézanne em seu Estúdio, foto de Émile Bernard, 1905

7 comentários:

cirandeira disse...

"O que se ignora é o que mais falta
faz, e o que se sabe, bem algum nos traz."
.................
"Vivem-me duas almas, ah! no seio,
querem trilhar em tudo opostas sendas; uma se agarra com sensual enleio é órgãos de ferro, ao mundo e à matéria; a outra, soltando à força o térreo freio, de nobres manes busca a plaga etérea..."(Fausto, de Goethe)
E Mefistófeles? Será que ele concordará com o rompimento do pacto feito?
Releituras são sempre válidas, descobrimos muitas coisas que não vimos numa primeira ou segunda leitura, não é? Achei muito boa essa tua reflexão poética e filosófica.

beijos

Batom e poesias disse...

Como eu queria me sentir assim como um livro, com uma história pertinente a ser lida.

Belíssimo poema!

bj
Rossana

Celso Mendes disse...

Então colha e nos mostre os grãos.

Aplauso, poeta!

Anônimo disse...

tenho o Fausto de Goethe, na minha estante, estratégicamente colocada de forma a que o consiga alcançar com a mão, folheio muitas vezes as suas páginas, após várias leituras deste texto, penso que o posso mudar para uma estante mais alta, mas sempre visível
Abraço
LauraAlberto

Luiza Maciel Nogueira disse...

ainda esto no momento de plantar e plantar e plantar - eita labor esse...um dia eu chego lá no colher :)

bjs

Unknown disse...

Tanto lá dentro como aqui fora, estamos sempre a aprender a plantar e colher.
Abraço.

Lu disse...

Lembrei-me da simplicidade de Alberto Caieiro que busca sempre pela terra e pelo manusear das ilusões.


bacio