Parece que o mundo acaba
Pela falta de algum detalhe:
Um ponto após a palavra,
Minúscula ervilha;
Certa pequena ilha
No oceano belicoso;
Uma consoante no obelisco babélico;
A pétala ausente que a flor dissipa;
Um dente na boca aflita;
O beijo na boca certa;
Fio de sol numa fresta;
Um parafuso que não se ajusta;
Aquela vírgula na lei injusta;
Uma pitada de sal ou açúcar;
Meio litro a mais de combustível
No motor do carro;
Um estúpido palito de fósforo,
E este não menos estúpido cigarro.
Roberto Magalhães, Stop 1º, serigrafia (DAQUI) |
Site oficial do artista Roberto Magalhães:
http://www.robertomagalhaes.art.br/portu/Biografia.asp
7 comentários:
nas mãos há poesia - instrumento de poeta! Linhas que conduzem ao verso.
beijo
pequenos fins para uma imensidão poética. a quem cativa o olho camaleão? talvez à cor. o olhar é que faz o artista.
ainda aprendo algo aqui.
abraço!
Um ponto após a palavra,
Minúscula ervilha;
Certa pequena ilha
No oceano belicoso;
Uma consoante no obelisco babélico;
A pétala ausente que a flor dissipa;
Um dente na boca aflita;
O beijo na boca certa;
Fio de sol numa fresta;
Parece que mais uma vez ponho-me a pensar aqui nos pequenos fins...
Muito bom, Marquinho...Ah, sempre é, mas é sempre algo novo...Amei.
"pequenos fins" e "pequenos fins":
Paulo Leminski
das coisas
que eu fiz a metro
todos saberão
quantos quilômetros
são
aquelas
em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos
não?
Os melhores poemas de Paulo Leminski. 6.ed. São Paulo: Global, 2002, p.31.
Abraço.
E depois que acaba, simplesmente recomeça para novamente abraçar o fim. rs
bacio
poemão, heim!
(meu isqueiro é como se fosse meu sexto dedo)
Muito bem falado. Invejinha... queria eu tê-lo pensado!
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