Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sexta-feira, 10 de junho de 2011

PROVAS DO ARTISTA (5)

TEMPO

É tudo memória
Das intempéries,
O vento frio
Se me entranhou
Na pele
Sem que os pelos
Se eriçassem
Nem contraindo os poros
Para que a tempestade
Não me adentrasse.

No teatro meteorológico,
Céu azul
De cenário levadiço,
Miragem içada
Por vaporosos fios:
O ar quente sobe
Aos meus olhos,
E para os meus pés
Desce o frio.

Fayga Ostrower, Paisagem, litogravura, 1981



























Ver: Instituto Fayga Ostrower

3 comentários:

Mariana disse...

No inverno, são indispensáveis meias, pois por mais que alguém possa se abrigar da tempestade, encontra-se nos pés uma sensibilidade ímpar, que não se deixa domar fácil, como se nos dissesse assim: eu te protegi da tempestade, conduzindo-te a um abrigo; agora proteja-me dela, do que dela fala em você.

Abraço.

Cris de Souza disse...

arrepiou! cá pensava: meus pés são super sensíveis... será por isso que amo os pássaros?

beijo, meu mago.

Bípede Falante disse...

Não sei se há muita pele para pouca carne ou se é o contrário, não sei se o calor escapa porque há frio ou se o frio aparece depois que o calor se derrete. Não sei dizer o que sinto, nem explicar o que leio, porque o que leio parece tão tão grande...
beijos.
BF