Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

terça-feira, 27 de setembro de 2011

TEMPO DE EXPOSIÇÃO (24)

ANTES QUE METRALHADORA

Há na sua boca
Mais do que a racionalidade
De trinta e dois dentes;
Mais do que somente
Esse réptil cordato,
A língua;
Mais do que um sucedâneo
De céu, o palato;
Mais do que a alfândega
Das papilas gustativas;
Mais do que germicida
Saliva.

Há na sua boca
Arma oculta,
Uma catapulta
Primitiva.


Man Ray, Compass, 1920

8 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Boca indendiária...
Muito bom, Marquinho, muito bom!
Beijos,

Fred Svendsen disse...

poeta é aquele q consegue ver as coisas,com os ólhos plásticos.Parabéns marco

lula eurico disse...

A estrutura é perfeita, a boca.
Nela explode a metáfora.
E nos atinge em cheio.

O teu domínio da fisiologia, em minuciosos detalhes e funções,
é mais do que de um poeta/artista plástico, és um anatomista com as palavras.

Abç fraterno, Poeta.
Tardarei menos a vir te ler.
Teus blogues são territórios da arte mais rara.

Ana Ribeiro disse...

UAU!!!!

Jaci Rocha disse...

este,
fala por sí só... ;)

Muito bom!!!

Unknown disse...

Essa catapulta primitiva por onde cuspir o que não é alimento e, uma vez engolido, envenena; esse sistema de defesa dos muros contra a aproximação dos forasteiros.

Cris de Souza disse...

Todo esse mote é fantástico mas a imagem de réptil cordado na língua me deu o bote.

Catapultaquepariu!!!

Zélia Guardiano disse...

Versos fortes, meu querido Marcantonio, tanto quanto o objeto dos mesmos...
Lindo!!!
Abraço da
Zélia