Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

terça-feira, 6 de setembro de 2011

TEMPO DE EXPOSIÇÃO (8)

ACRE CULTURA

Leitura de espinhos
É feita pelo tato
Destemido,
Espécie de acupuntura
Aflitiva e inevitável
(Ou talvez não:
Para quem queira viver
Blindado por iletrada
Negação).

Para os demais,
Os textos sentidos
Da vida,
Aguda textura,
Não serão decifrados
Sem ferimentos
Nos dígitos:
Algumas vogais
Tirarão sangue,
E consoantes
Serão abafadas
Por gemidos e ais.

O pior é que, talvez,
Nenhuma flor
De brandura
Surja suave e nítida
Após os aguilhões.
Mas, insista-se na leitura,
Pois, segundo dizem
Os hermeneutas infelizes,
Menos importa a flor
Que a espinhosa procura.


Karl Blossfeldt (1865-1932), Nigella Damascena

























Mais de Blossfeldt AQUI

5 comentários:

marlene edir severino disse...

E na busca
infinitas possibilidades

Perfeito, Marco!

Abraço

Quintal de Om disse...

a polpa dos meus dedos
foram guias
nesse braile inerente
do meu sentir
foi espinho
foi caminho
deslizante a esmo
o mesmo encontro dos pardais
que me cantaram
me encotraram nas pedras
postas - poetas calejados
na palma de minha mãos.

Meu carinho, Marco :)

e calejadas da palma da minhas m"aos

Bípede Falante disse...

Que assim seja!
A procura vale o jardim.
Beijosss

Lucas Holanda disse...

Você eu não sei, mas se não houver flor ficarei muito puto! hehehe!
Um grande abraço poeta!

Mariana disse...

Gostaria de pensar numa
Espinosa procura.

Abraço.