Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

TEMPO DE EXPOSIÇÃO (40)

O BAILE

Não é a dança
Que me cansa,
É o ar denso da sala,
O assoalho pegajoso
E o decoro dos músicos.

Não é a dança
Que me cansa,
É a flor fria nas lapelas,
Os sapatos de aço
E o estribilho obtuso.

Não é a dança
Que me cansa,
São as regras do salão,
Os ventiladores mofinos
E os passos inconclusos.

Não é a dança
Que me cansa,
São os coreógrafos hirtos,
E a crítica estática
De seus quadris sem uso.


Garry Winogrand, 1955.

9 comentários:

Anônimo disse...

Quem ainda poderá ter a chance de dançar no improviso?

Abraço!

Eleonora Marino Duarte disse...

quadris sem uso... eu adorei a forma que tomou isso em mim quando li. pude perceber a frustração de quem não tem par para a 'dança' ou a dança que não se dança. ótimo retrato.

um beijo.

Nilson disse...

Curti: quadris sem uso é mesmo instigante.

Ana Ribeiro disse...

Que incômodo descompasso suas palavras ritmadas conseguiram imprimir. O mais interessante é a nítida imagem desse salão.

Zélia Guardiano disse...

Lindo demais, meu querido Marcantonio!
Como sempre!!!
Abraço

Állyssen disse...

Dança mecânica cansa só de pensar...

Beijos!

Anônimo disse...

Meus quadris também estão sem uso.

Bípede Falante disse...

Só de acompanhar também já me sinto fora do baile!! :)
beijoss

Cris de Souza disse...

Não é a dança
Que me cansa
São os bastidores confusos
E a sinfonia clara
Dos seus olhares escusos

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