Não é a dança
Que me cansa,
É o ar denso da sala,
O assoalho pegajoso
E o decoro dos músicos.
Não é a dança
Que me cansa,
É a flor fria nas lapelas,
Os sapatos de aço
E o estribilho obtuso.
Não é a dança
Que me cansa,
São as regras do salão,
Os ventiladores mofinos
E os passos inconclusos.
Não é a dança
Que me cansa,
São os coreógrafos hirtos,
E a crítica estática
De seus quadris sem uso.
Garry Winogrand, 1955. |
9 comentários:
Quem ainda poderá ter a chance de dançar no improviso?
Abraço!
quadris sem uso... eu adorei a forma que tomou isso em mim quando li. pude perceber a frustração de quem não tem par para a 'dança' ou a dança que não se dança. ótimo retrato.
um beijo.
Curti: quadris sem uso é mesmo instigante.
Que incômodo descompasso suas palavras ritmadas conseguiram imprimir. O mais interessante é a nítida imagem desse salão.
Lindo demais, meu querido Marcantonio!
Como sempre!!!
Abraço
Dança mecânica cansa só de pensar...
Beijos!
Meus quadris também estão sem uso.
Só de acompanhar também já me sinto fora do baile!! :)
beijoss
Não é a dança
Que me cansa
São os bastidores confusos
E a sinfonia clara
Dos seus olhares escusos
...
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