Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

domingo, 8 de maio de 2011

INTERIORES E VIDA SILENCIOSA (XXV)

27 – interior ocupado

Há pouco eu era criança,
e eram enormes as salas,
naves;
estradas, os corredores;
eram coliseus os interiores
onde reinavam
os meus sonhos
em miniaturas.

De súbito me expandi,
cresceram-me o crânio,
o tórax, os braços,
ou contraiu-se o espaço,
ocupou-se o vão e a folga:
em claustrofóbica ruína,
tenho os sonhos oprimidos
pela arquitetura.

Magritte, L' Anniversaire, 1959

4 comentários:

Daniel Andrade disse...

Como diria o outro poeta: o tempo não para!

Anônimo disse...

Eu achava tudo tão grande, agora me acho tão pequena.

Sensível, lindo poema.

Lou Vilela disse...

Muito bom, Marco! Que abordagem, hein?! ;)

Beijos

Bípede Falante disse...

Era criança e levei uma surra. Não revidei porque também já era adulta.
Bjs