33 – interior com saudade
O lugar que ocupavas
será sempre teu.
Até o ar que se renova
e não te conheceu
criou para ti um nicho
transparente, aéreo:
talvez seja
o que se costuma chamar de vácuo
e eu imaginava haver no bojo
das lâmpadas elétricas mais antigas.
Sei que tu só te ausentarás totalmente
quando se apagar a luz
da minha consciência,
o que porá abaixo a casa, o mundo
e qualquer noção do que sejam
o lado de dentro e o lado de fora.
Magritte, O Telescópio, óleo, 1963 |
2 comentários:
Ocos das lembranças...
Muito bonito.
Abç
Rossana
Gosto da construção da ausência e da forma como a permanência se instala até o momento final, onde nada haverá. Absolutamente nada. Belo poema! Adorei a sua visita no blog. Um abraço!
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