Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

domingo, 15 de maio de 2011

INTERIORES E VIDA SILENCIOSA (XXXI)

33 – interior com saudade

O lugar que ocupavas
será sempre teu.
Até o ar que se renova
e não te conheceu
criou para ti um nicho
transparente, aéreo:
talvez seja
o que se costuma chamar de vácuo
e eu imaginava haver no bojo
das lâmpadas elétricas mais antigas.

Sei que tu só te ausentarás totalmente
quando se apagar a luz
da minha consciência,
o que porá abaixo a casa, o mundo
e qualquer noção do que sejam
o lado de dentro e o lado de fora.

Magritte, O Telescópio, óleo, 1963




2 comentários:

Batom e poesias disse...

Ocos das lembranças...
Muito bonito.

Abç
Rossana

Rita Santana disse...

Gosto da construção da ausência e da forma como a permanência se instala até o momento final, onde nada haverá. Absolutamente nada. Belo poema! Adorei a sua visita no blog. Um abraço!