Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ROSTOS - MODOS DE CRIAR RETRATOS (15)

Na placidez da tua testa,
Branco jardim celeste,
Brinca dócil, sem pressa,
O meu olhar-querubim.

Mas o inocente, por teste,
Desce aos olhos castanhos,
Veios de óxidos terrestres,
E por ali passa ao nariz,
Róseo e estável trampolim
Moldado em fina e fria louça,
Para saltar, anjo em queda,
Já seduzido e impenitente,
Na piscina rubra e ardente
Da tua profana, insana boca.

9 comentários:

Lou Vilela disse...

Não é à toa que essa tua série encanta - e motivou-me um diálogo. Mais uma construção imponente, Marco. Parabéns pelo belo trabalho!

Saudações poéticas,
Lou

Domingos Barroso disse...

eis um querubim (que não é mais só olhar) sensível
e esperto
...

forte abraço,
irmão.

Tania regina Contreiras disse...

Uma série que imagino num livro, evidentemente ilustrado com obras tuas. Aliás, algo magnífico só de imaginar. Tenho adorado.

Beijos,

Batom e poesias disse...

Então o anjo, não tão inocente desdenha a testa celestial
e decide mergulhar
num beijo ardente.

Lindo!

bjcas
Rossana

Thiago Quintella de Mattos disse...

Uma inocência escondendo libido! Céu, paraíso, terra e vermelhidão se esgrimando!

Luiza Maciel Nogueira disse...

esses modos de fazer retratos passam a ser rostos conhecidos, lembro de algumas pessoas em cada um

beijos

Talita Prates disse...

gostei da maneira suave de chegar à insanidade profana da boca.

adorei, poeta.

Um abraço,

Talita
História da minha alma

Anônimo disse...

esta série de poemas é no minimo espetacular, parabéns!
Laura

Cris de Souza disse...

esses querubins são uma tentação...

poema de-li-ci-o-so!