As garrafas se tornaram opacas
como se contivessem nuvens;
e têm a beleza hierática
das figuras de um mosaico bizantino,
como, por exemplo, o da comitiva
do imperador Justiniano.
As aranhas, engenheiras estranhas,
lançaram-lhes entre os gargalos
fios inúteis pelos quais não correm teleféricos.
Mas, para o regalo da arte,
um breve raio de sol que transita entre eles
torna esse canto empoeirado um cenário feérico.
Giorgio Morandi, óleo sobre tela. |
9 comentários:
[em silêncio tomo dessa palavra tecida, a única forma possível dum momento único... em silêncio!]
um imenso abraço, Marcantonio
LB
Magnífica, Marcantonio, a maneira como você reverte o verso...
Lindo demais!
Abraço.
Nada me convence do contrário: você é um dos mais inteligentes que leio pelo Blogger.
Quem mágico contempla
torna-se também
a imagem
furtiva
...
forte abraço,
camarada.
Marco, que beleza de poema!
Beijo.
Para a artesania das teias, a pose dos objetos.
Suas imagens sempre me levam a passeio, mesmo ou principalmente quando os teleféricos não correm sobre os fios e se me descarrilham imaginação adentro.
Qualquer natureza-morta reencarna em suas palavras. Belíssimo!
Beijo.
Da aranha e sua teia o poeta tece o poema.
bjs
Rimas sutis, aliteradas idéias... captei um clima de câmara. Bonito!
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