Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

quinta-feira, 19 de maio de 2011

INTERIORES E VIDA SILENCIOSA (XXXIV)

36 – Natureza-morta com transfiguração

O brilho no côncavo da xícara
traz ao meu silêncio uma interjeição:
ah!
Era a meia-lua há pouco eclipsada
que agora esplende um vazio
cheio de luz perolada,
e apenas não retornará ao céu
porque só lhe restou uma asa.

Renoir, Natureza-morta com Limões e Xícara, óleo, 1910

10 comentários:

Cris de Souza disse...

essa transfiguração é incrível! vi claramente o que propôs...

beijo, meu mago.

Domingos Barroso disse...

a outra asa é vossa
do vosso mágico olhar
...

forte abraço,
camarada.

nydia bonetti disse...

Eu já vi xícaras voando... Que série, Marco! Esse teu olhar lúcido sobre tudo me impressiona. Mesmo quando delira... :) Beijo!

Adriana Riess Karnal disse...

e desasada, quebrou-se.Ah, q lindo.

Luciana Soriano disse...

Oi Marco!

Vida difícil a de fumante hoje em dia, né? rsrsrs

Gostei muito do poema. Talento difícil de descrever! Admiro a abstração da poesia... eu fico só na prosa!

Obrigada pela visita

Abraços, Luciana

cirandeira disse...

Mas a luz preencheu o vazio do poeta que alçou um belíssimo voo
pela asa que restou... Essa "Natureza" tornou-se muito mais bela através do teu olhar!

Beijos

Anônimo disse...

Se os pintores que vc escolhe para combinar esses seus versos com as telas pudessem lê-lo, se esforçariam mais, intimidados por ti.

Cada construção mais linda que a outra, a pintura sorri!

marlene edir severino disse...

Ou...

Chispa da tua luz, poeta,
no côncavo da xícara espelhado...

Abraço!

Marlene

Menina no Sotão disse...

Confesso estar boquiaberta, imersa num vôo para muito além de mim. Impressionou-me.

bacio

Dalva M. Ferreira disse...

Muito bom! Delicioso.