Amo o silêncio sem estrias
das coisas inanimadas.
São nobres, estáveis e destemidas.
Tantas parecem mais distantes
do que as estrelas.
Outras têm um sorriso amigo irremovível,
fossilizado.
Em algumas imagino pálpebras fechadas,
mas há aquelas que, paranóico,
suponho espias do meu existir:
sem elas não teria a sensação de estar aqui.
Amo o silêncio lógico
das coisas inanimadas,
e detesto o rumor das que se fingem inertes
e acocoradas ocultam as próprias pernas,
como o relógio e seu tambor persecutório
que ele não cessa de percutir.
Man Ray, Clock Wheels, 1925 |
9 comentários:
re-percussão labiríntica - o que vibra feito a silente víbora,
abraço
Ah, mal acabo de ler, e lembro de um velho bule cheio de segredos incontáveis, a me olhar com mão na cintura...Assim eu eu via o senhor bule de esmalte branco, já de há muito desaparecido.
E as coisas que se fingem inertes? O relógio? Muito bom, Marquinho!
Bjo
adoro teus poemas e poesias
bjs
Amo o silêncio lógico das coisas inanimadas. Eu também, poeta. Serei lógico quando cadáver. Um abraço.
Tudo que posso fazer aqui é confessar o meu silêncio e as ilusões fortes que se aceleram diante dos olhos.
bacio
Eu amo o silêncio...Nele ouço melhor o meu coração!
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Você faz parte da alegria que eu estou sentindo... Por essa razão conto com a sua presença em meu blog, participando do sorteio que será realizado!
Sinta-se carinhosamente abraçado.
O silêncio está lá, sempre a nos observar intermitente..
Marcantonio, seu comentário foi respondido no blog. Demorou, porque eu estava tendo dificuldades de publicar alguns. Mas já foi resolvido.
Estou seguindo o seu blog. Parabéns pelo espaço.
Abraço
Nada como a calmaria.
Me lembrou alguns poemas do bom e velho Neruda no seu livro Coração amarelo
Também já imaginei pálpebras nessas coisas, e até travei conversas.
Excelente, poeta!
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