Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ROSTOS - MODOS DE CRIAR RETRATOS (21)

É também uma forma de paisagem,
O ciclo aéreo de águas
Que une o céu dos teus olhos à terra:

A atmosfera interna
Cumula de orvalho
As tuas pálpebras.
Uma nascente se expandirá
Sobre a aridez da tua face?

Na areia ardendo em sede,
Esse rio não consumaria
Trajeto fecundo
A ponto de irrigar florações
Que recolhessem o orvalho
Externo.

A dor não muda o teu retrato
Fundamentalmente.

11 comentários:

Ph disse...

Magnífica a forma como você cria retratos.
Abraço.

Anônimo disse...

Será o choro uma chuva e o suor uma geada?

Luiza Maciel Nogueira disse...

a dor não muda - quase nada talvez
mas a atmosfera, a areia, o rio e até as florações sabem, sentem essa presença

beijos

Tania regina Contreiras disse...

Ah, a areia ardendo de sede, eu não sonhava que havia sede ali, mas há, há sim...
Os blogues se dividem entre antes e depois do azul...que é mesmo temporário por quê???? Espero que até mude de cor, mas sem deixar de ser esse azul.
Beijos

Fred Caju disse...

Resta apenas uma coivara para o fogo também se fazer presente nessa valsa. Muito bom, meu caro!

Abraços,
Caju.

Zélia Guardiano disse...

Esses teus retratos me encantam, Marcantonio!
Nenhuma pincelada vã...
Paleta rica!
Grande abaço da
Zélia

Zatonio Lahud disse...

O último verso...dói!

Anônimo disse...

Marcantonio.... respondi pra vc lá no blog.

Bem, que longínquo se torna o olhar quando encontramos num rosto as paisagens de uma vida. Mas será a nossa vida, ou será a do rosto olhado?

Anônimo disse...

Vc me emociona, poeta!

Eleonora Marino Duarte disse...

os vales que marcam o rosto no choro,
são vales de orvalho no teu retrato.

lindíssimo!

Cris de Souza disse...

marcante, dá nó em ruga.