Os deuses amam a dúvida humana.
Qualquer fé clara
lhes desagrada como impertinente
familiaridade.
Por isso separaram a luz das trevas,
e puseram na noite a lua de sentinela:
baço espelho do sol.
Então, se desfizeram de suas vestes
radiosas
e se divertiram com o paradoxo
de estarem nus, mas camuflados
num labirinto de sombras
onde brincam com os ecos.
Sabiam que os humanos,
criados para o medo,
à noite seriam apenas ouvidos
para algum ruído divino.
Os deuses, astutos,
crêem que um deus
que ao dia se desnudasse,
seria despercebido.
Marcantonio
9 comentários:
essa imagem é realmente uma aparição de um fantasma, lembra a Capela Cistina de Da Vinci pela posição da mão. É uma poesia e tanto, abrangente e me faz refletir.
Beijos
marco,
você não se submete aos dias, supera-se! é maravilhoso acompanhar o seu trabalho.
belíssimo verso!
um beijo.
Ando pensando muito nessa questão de deus/deuses. Mas quem não pensa, diante da rebelião das forças da natureza e suas consequências?
Quando falo em esperança, como em Orfeu, faço uma espécie de brincadeira. É preciso respirar de vez em quando. Sei bem o que nos espera, o beco sem saída, e apesar de tudo existe um sentimento de vida e uma espécie de alegria. Doideira, pode ser, mas é um direito que nos assiste, o de ser meio doidões.
Tua tela é magnífica e cheia de significados. E o poema também um pouco de diversão.
Beijo pra você.
Rapaz tu a cada texto escreve melhor! Dá-me esta teceita de poesia.
desses deuses desconhecidos
sou uma fagulha de tantos destinos
a mercê das causas e das casas
vindo ao chão
das ironias
e revalias
sou
o olho do furácão
os braços revoltodos de mar
sou
quem sou?
o tudo e o nada
explicativo por nomenclaturas suas!
Abraços, flores e estrelas, Marcantonio...
Vou repetir alguém aí em cima: quando a gente pensa que não, vou consegue ficar melhor ainda! Nossa, um poço sem fundo de criatividade, heim, Marquinho?
ai, meu zeus! esses deuses são uns sacanas, qualquer sentinela é mera coincidência...
beijo, mago.
(me recuso a ser cria para o medo)
outra cosita: esse quadro é um espanto.
que série, heim!
Poemaços, um atrás do outro. Cara, minha tese é que voce não é humano.
Um abraço do Akira.
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