Enquanto falo da paisagem,
falo também do olhar
que a percorre com vagar
- em ilusão táctil –
sobre um tapete voador
de onde não se avistam
meridianos, trópicos ou
qualquer linha do equador.
Enquanto falo da paisagem,
falo também da miragem,
que a língua sobre ela avia:
revolve os campos de cor;
lavra nas margens texturas
e desloca o ponto de fuga
das entrelinhas
para o plano da arquitetura.
Enquanto falo da paisagem,
falo ainda do pensamento,
o anatomista,
que fende a pele da vista,
e que de tudo que deflora
as entranhas exuma:
capaz de eviscerar o céu,
buscando o órgão inflamado
que ressuma a aurora.
Marcantonio
3 comentários:
sob a piadinha Marcão, esse "River era" já encharcou muitas planícies nua, que dia a irmã da própria Frida...
e pra ficar mais infame ainda, ela deu pro Trotski, digo deu o troco.
abração!
planos que sugerem paisagens para instigar o olhar :)
bjs
marco,
que extraordinário último verso:
Enquanto falo da paisagem,
falo ainda do pensamento,
o anatomista,
que fende a pele da vista,
e que de tudo que deflora
as entranhas exuma:
capaz de eviscerar o céu,
buscando o órgão inflamado
que ressuma a aurora.
imagens intensas, quase que posso tocá-las. parabéns. cada vez mais você se aproxima da perfeição de um casamento imagem/palavra.
hoje estou dando início a um novo trabalho e que em muito se aproxima da intenção de casar dois fascínios: percepção verbal e percepção visual. tenho duas parceiras incríveis e imagino que você gostará muito do resultado visual.
deixo aqui o endereço:
http://mnemosine-musas.blogspot.com/
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