Da janela do vôo noturno
a cidade parece uma galáxia
ancorada
junto ao Atlântico que não pode
submergi-la para apagá-la.
Dirão que essa comparação,
além de gasta,
não é apropriada
por fugir à escala humana?
Mas, se os gregos,
que não conheciam
a luz elétrica (embora tenham
reservado para ela um nome),
fixavam seus heróis nas constelações,
eu trago as estrelas à terra
onde se ocultam os heróis.
Não é licença poética:
tal como não posso ocupar sozinho
um ponto qualquer do vácuo
entre as estrelas,
não parece haver um só homem
no vazio entremeado às luzes da cidade
vista daqui.
Galáxia, portanto.
Imagino que ao amanhecer
ocorram duas ocultações cósmicas.
Marcantonio
8 comentários:
Todo poema trata de algum tipo de galáxia. O ideal é que estejam bem próximas, como é o caso deste. E a ilustração está massa.
Levei um poema teu para o Inscrições. Sexta agora passou a ser dia de Poema amigo.
Beijo pra você.
Coisa mais linda, meu querido Marcantonio!
Sou simplesmente apaixonada pelo tema: nunca é demais tratá-lo! É assim que penso...
Essas luzes nos letreiros, nos postes, nas janelas...
Essa profusão de luzes...
Quando refletidas, então, são , realmente, uma visão cósmica!
Lindíssimos versos, meu querido amigo, grande poeta!
Fortíssimo abraço da
Zélia
e os buracos negros o que são? saudades ou esquecimentos?
beijos
Será o excesso de luz um crime?
Você sempre traz estrelas à terra, Marquinho!
Beijos,
em cada luz um ser/um universo/um planeta /uma multidão
beijos
O amor é a sabedoria dos loucos e a loucura dos sábios.
Eu adoro a sua produção de fotos e poesias. Desculpe-me por não comentar em todas, mas ficaria repetitivo. Fiquei com as ocultações cósmicas do amanhecer na cabeça, pulsando!
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