Estava no meu quarto
pensando nas paredes que ocultam
outras paisagens. Cela! Pensei.
E eu seria um monge ilustrador
aprisionado na ausência de referências
externas.
Mas é noite, sei. O relógio o assegura.
E neste fato, há o sortilégio
de já se tornarem as paredes translúcidas
pois vejo a escuridão para além
desta lâmpada. Mas a escuridão oculta
outras paisagens. Nova parede! Pensei.
A minha cela está dentro de outra, sei.
No entanto, detrás da parede da noite
aguarda-me uma paisagem intacta de coisas
amarradas por raios solares, conectadas
por nervos de luz.
Ora, se ela já está lá, também é fixa:
outra parede! Outra cela!
Então não há como escapar
deste lado de dentro:
sou como um Jonas no ventre da paisagem,
pensei.
Marcantonio
5 comentários:
O que há do outro lado? Isso sempre nos intriga.
Abraços,
Adriana
Mas foi pela fresta daquele olhar
que me arrematou de vez
os sentidos
colorindo o branco
de uma brandura sem paredes
de uma brancura
uma brancura
brancura
cura
numa eetrna demora enturvando a voz em ecos sem nenhum paredaeiro
e atrelado à mim.
Abraços, flores e estrelas...
Ah, acho que não mesmo, Marquinho. Impossível escapar do lado de dentro...Haveremos sempre de cismar com um "la fora"...e esse sentimento ainda nos levará ao longe.
Beijos,
Somos todos "Jonas no ventre da paisagem", Marco. E o poema é o máximo.
Beijo.
jonas e a baleia arquitetônico e filosófico...
:)
muito bom.
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