No meu jardim
há uma flor remanescente
de cada estação já distante.
Não cuido em aguá-las.
O sol para o qual se voltam
já não brilha.
Mas uma seiva sanguínea
de algum lençol subterrâneo
lhes sobe pela haste
e coagula na corola regenerável
de pétalas que não murcham:
caem como rubis laminados
tornando vítreo e árido o solo.
Já é raro ver nele uma fenda
respirável
por onde floresça um espanto
contemporâneo.
Marcantonio
6 comentários:
Não sei se já comentei aqui, Marco, mas gosto muito da maneira poética como você vê o entorno.
A inevitável marcha do vivente em busca do que não conhece, mas intui.
Cara, fiquei apaixonada, estarrecida, sem muitas palavras e muitos significados quando cheguei aqui, seus desdobramentos poéticos me deixaram meio tonta; sem rumo, porém com minhares de direções!
Que bom poder ler coisas bacanas nesse nosso mundo tão moderno onde até literatura virou "fast food".
Um carinho,
Mell
Meu jaridim
foi um tapete estrelado
e mágico por ficóides
e margaridas
foi um florir almejado
como lua no telhado
enfeitando o olhar
pro outro olhar passar.
Querido, que delícia cada verso teu. Fico mais encantada, apaixonada por tudo aqui.
Meu carinho.
Uma forma bem original e linda de expressar nostalgia, Marco.
A imagem é perfeita.
Beijo beijo.
Pensando nas flores que se voltam para um sol que já não brilha e nas diversas formas invisíveis de alimentar-me...
Belo, Marquinho!
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